A Internet trouxe muitas coisas boas. E como trouxe. Mas, ao mesmo tempo em que ela aproxima as pessoas dos mais distantes pontos do mundo, também distancia quem está perto. Parece um clichê, parece que eu li isso numa caixa de cereal, mas não. Faz anos que não como Sucrilhos. Aliás, bateu uma puta saudade de Froot Loops agora. Sei lá, devo ter crescido. Ou isso ou a culpa é da Kellogg’s, que ainda não inventou o web-cereal.
Ninguém mais se olha nos olhos. Ninguém consegue conversar sem ser através de uma câmera, um site, uma rede social. O facebook (ou seja qual for o nome da rede social do momento quando você ler isso) é a camisinha 2.0. Eu posso saber quem são seus melhores amigos, seus filmes favoritos e até a cor da sua calcinha de renda, ou da sua cueca, mas não encosto em você. Sem risco de contato. Sem risco de contágio. Sem risco.
Não existem mais discussões “dedo na cara”. Se você não gosta de mim, existe um botão a postos para me bloquear. Me cancelar, me anular, me excluir. E as relações são deletadas a partir do momento em que minha foto não aparece mais no seu mural de amigos. Se você não me vê, eu não estou mais lá. Simples como apertar um botão. Opa, e é mesmo. Cada um pro seu lado e “eu te conheço mesmo?” Não, né? Você não pode ver minhas fotos. Ah, tá.
Nem tudo é ruim. Acabaram-se os barracos. Um palavrão em Caps Lock é bem menos humilhante que ter que presenciar uma ex-esposa jogando as roupas do marido no meio da rua enquanto grita pros vizinhos que ele sempre foi um filho da puta. Mas mesmo assim. O que é a vida sem emoção?
Bundamos. É isso: bundamolecemos. Se houvesse um golpe hoje, se o Exército resolvesse tomar o poder e dependêssemos das pessoas, meu amigo, era melhor que nem gastassem munição. Deixem pra quando atacarem outro país, algo que represente um desafio de verdade. Porque xingar muito no twitter não é à prova de balas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário