terça-feira, 20 de outubro de 2009

RECOMENDO


Estou lendo: O Divã

Na minha opinião, a melhor frase do livro: " São muitas mulheres e alguns homens, prepare- se para uma terapia de grupo", quando li essa frase fiquei pensando na minha vida e concordo com a personagem, nós somos várias pessoas em uma.Tentei identificar essas pessoas dentro de mim, deparei-me com uma senhora de 90 anos, com netos, bisnetos que tenta não fazer nada errado para não machucar as pessoas que ama, teve sempre a sua vida pautada nos outros, minha conselheira. A outra que vive em mim é uma adolescente rebelde, que age antes de pensar, sem objetivos, corajosa, sem medo de nada, que pensa que a vida é uma diversão constante, minha alegria para o perigo. Não consigo fazer gênero, a frágil, a santa, a medrosa. Acho que depois dos 30(33), não vou conseguir mudar isso, fui criada dessa forma - em um mundo muito transparente. Espero mudar, nem que seja um pouco.

SINOPSE:

"Divã" conta a história de Mercedes - uma mulher com mais de 40, casada, filhos - que resolve fazer análise. O que começa como uma simples brincadeira acaba por se transformar num ato de libertação; poético, divertido, devastador. Movida pela angústia existencial , que se não é coisa triste tampouco é libertadora, a busca da protagonista de Marta é universal e atemporal: quer descobrir , entre todas aquelas que ela é , quem é a chefe, quem manda dentro dela. Marinheira de primeira viagem em terapia a personagem encara o consultório como se fosse uma espécie de alfândega que vai dar o visto para ela passar para o lado mais oculto de sua personalidade. Na verdade, o mundo inventado por sua protagonista é abertamente inspirado na realidade que ela captura em suas deliciosas crônicas. Mercedes é uma mulher que se parece um pouco com todas nós. Divertida, pragmática, inteligente e - sim, por que não? - superfeminina. É do tipo corajosa, daquelas que não têm medo de nada. Capaz de administrar bem a casa, os filhos, o marido e até mesmo seus ataques de vaidade. Ela nos parece muito segura de si, daquelas que possuem controle sobre tudo. Será? Ao decidir pela análise, nossa protagonista descobre que controle é uma palavra bastante frágil - ´não tenho medo de perder o senso. Eu tenho medo é desta vigilância interior, tenho medo do que impede de falhar´. Ao se deitar naquele divã, Mercedes se dá conta de suas armadilhas cotidianas. Ao entrar neste jogo catártico, Mercedes nos confidencia que a liberdade é atraente quando nos parece uma promessa, mas pode nos enlouquecer quando se cumpre. Dona de um texto simples e brilhante, Martha seduz com uma narrativa envolvente e catalisadora e transforma o leitor a princípio numa espécie de voyer, conduzindo-o por uma espiral de acontecimentos reveladores. Ao final da leitura somos surpreendidos e, além de nos tornamos cúmplices das loucuras, conflitos, e questões existenciais de Mercedes, constatamos que em vários momentos estávamos deitados em nossos próprios divãs.



Sempre desprezei as coisas mornas,

as coisas que não provocam ódio nem paixão,

as coisas definidas como mais ou menos,

um filme mais ou menos ,um livro mais ou menos.

Tudo perda de tempo.

Viver tem que ser perturbador,

é preciso que nossos anjos e demônios sejam despertados,

e com eles sua raiva, seu orgulho, seu asco, sua adoraçao ou seu desprezo.

O que não faz você mover um músculo,

o que não faz você estremecer, suar, desatinar, não merece fazer parte da sua biografia.


(trecho de “O Divã”)Martha Medeiros

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